quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Votar em mulheres é o suficiente?

Representatividade importa, mas qual?


A reflexão que pretendo propor aqui não tem como finalidade a polêmica pela polêmica e sim, uma forma materialista-dialética de abordar a realidade. Isso significa que temos que olhar através das contradições, levá-las em consideração para o processo de transformação social mais amplo.


Primeiramente, as mulheres ocuparem espaços políticos é importante, sim. Foi um longo processo histórico para que fôssemos consideradas pessoas, depois cidadãs e agora aptas para ocupar cargos antes predominantemente masculinos. Ou seja, houve um processo humanizador no meio que levou em consideração não apenas as características biológicas mas também capacidade de refletir e concretizar através do trabalho. Ok.


Gostando ou não, como seres sociais estamos sujeitos a legitimação do meio, ou seja, você pode se considerar um enviado divino para se tornar um rei mas se seu meio considera isso uma balela a chance de você estabelecer uma monarquia vai pelo ralo... Ocorre um processo dialético entre sujeito-sociedade que ora cerceam o indivíduo, ora  proporcionam brechas para que ele faça algo diferente....


Quando se trata de mulheres, uma coisa tem que se ter em mente: nem sempre colocar mulheres no poder é sinônimo de grandes mudanças, muitas vezes é apenas uma resignificação de velhos papéis e a manutenção de algumas contradições, lembra daquela máxima "muda-se tudo para continuar igual?", então.


De acordo com Gerda Lerner " o sistema do patriarcado só pode funcionar com a cooperação das mulheres" e a concessão de privilégios de classe para as mulheres que obedecem é um deles. Isso significa que, não basta termos mulheres em cargos políticos, precisamos de mulheres com uma consciência de classe ocupando eles. O caminho é certamente mais difícil para se chegar nesse ponto mas devemos lembrar disso quando formos votar. Afinal, mulheres que reproduzem discurso machista não são nossas aliadas. 



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